Olá a todos que acompanham o blog, sejam bem vindos a mais
uma postagem do Canil do Beagle. Aproveitando ainda o clima do mês de Janeiro,
nada melhor do que relembrar uma época em que a molecada passava o mês inteiro
brincando durante as férias escolares, porém no ano de 1988, uma novidade
chegou ao Brasil, um novo tipo de videogame que tomou de assalto as crianças da
época e que ficou popularmente conhecido no Brasil como os clones do nintendinho
ou famiclones.
os diversos clones de um mesmo console
O FIM DO REINADO DO ATARI:
No final de década
de 1980, diferente dos Estados Unidos onde havia sido responsável pelo "crash"
do mercado em 1983, o Atari 2.600 ainda reinava absoluto no Brasil e era sinônimo
de Videogame.
os sucessos da época
Dezenas de crianças passavam horas jogando Pitfall,
Enduro, Decathlon e River Raid nos aparelhos originais da Polyvox ou dos clones
da CCE, Dynacom e afins.
Por falar em Dynacom, ela foi a responsável por produzir o
primeiro clone do NES 8 bits e decretar o fim da Atari em nosso país.
A LEI DE RESERVA DE MERCADO E A ORIGEM DOS CLONES DE
NINTENDINHO.
Vocês, leitores mais novos devem estar se perguntando como
assim clones do NES 8 bits? Porque não lançaram o console original no Brasil? A
resposta para essas perguntas é meio complexa, mas vou tentar explicar de
maneira clara.
Durante o período do regime militar, foi sancionada a Lei de
Reserva de Mercado, que tinha como objetivo estimular a indústria nacional de
informática, proibindo a importação de aparelhos eletrônicos sob a desculpa de
uma "proteção" da indústria nacional.
atraso tecnológico e pirataria liberada
O problema é que por causa da Lei de Reserva
de Mercado, o Brasil ficou atrasado tecnologicamente, além disso, essa lei favoreceu a
pirataria, pois empresas nacionais copiavam descaradamente projetos de outros países
sem pagar direitos autorais, dizendo que haviam sido feitos no Brasil,
trocando em miúdos era uma pirataria legalizada.
De olho no crescente e renascido mercado de games Norte-Americano, as indústrias nacionais trataram de copiar a tecnologia da Nintendo e
colocar em carcaças produzidas aqui e pronto surgiram os clones do NES 8 bits, carinhosamente chamado de nintendinho.
60 OU 72 PINOS ? :
Quem viveu a febre do NES e seus clones no Brasil
provavelmente se lembra de um aspecto fundamental: cartuchos de 60 ou 72 pinos.
O padrão americano, com 72 pinos, com fitas maiores, foi o mais popular nas lojas do Brasil, enquanto o padrão japonês do Famicom, com 60 pinos, tinha fitas mais compactas muito comuns nas videolocadoras.
os padrões de fitas do nintendo e seus clones
Havia clones do Nintendinho com
suporte para ambos os formatos, além de adaptadores para o padrão de 60 e 72 pinos.
A GUERRA DOS 8 BITS NO BRASIL:
Assim como aconteceu
em outros países, as crianças brasileiras também viveram uma disputa pela
preferência nos consoles de 8 bits, de um lado tínhamos o Master System, trazido oficialmente para o Brasil pela Tec Toy, com uma gigantesca campanha de
marketing, do outro tínhamos os clones de nintendo, uma vez que a gigante
japonesa não existia oficialmente em nosso país. Os clones de NES eram muito
mais baratos que o console da Sega e por isso mais acessíveis as crianças menos
abastadas.
propagandas da época
Mesmo não sendo originais, era muito comum propagandas dos clones de nintendo nas revistas de videogame da época.
OS PRINCIPAIS CLONES DE NINTENDINHO:
Entre 1988 e 1995, existiram dezenas de clones do NES,
alguns ficaram bem famosos e outros foram esquecido ao longo do tempo. Irei
abordar um pouco dos modelos mais famosos.
DYNAVISION II:
o pioneiro
Foi o primeiro clone de NES lançado no Brasil, produzido
pela Dynacom, que fabricava um clone do Atari 2.600 chamado de Dynavision,
tanto que a carcaça desse primeiro clone de nintendinho é idêntica ao modelo
anterior, mudando apenas as cores. Curiosamente, o modelo de controle é o mesmo, parecido com o do clone do Atari.
DYNAVISION III:
uma excelente evolução
A Dynacon
lançou em 1991 a terceira versão de seu console. O console agora tinha o
sistema double system (encaixe para os
dois padrões de cartuchos 60 e 72 pinos). Os joysticks melhoraram muito, ficaram
parecidos com o do Mega Drive da SEGA e possuíam botões de turbo .
Ao longo dos anos, a
Dynacom lançou diferente versões desse modelo como o Dynavision III Action e
Radical.
DYNAVISION IV:
apenas mudou o formato
É o quarto modelo do Dynavision, foi lançado em 1995.
Ele tinha um design mais compacto que as versões anteriores e também possuiu
diversos modelos como o Advance, Action e o Radical.
PHANTOM SYSTEM:
o mais famoso dos clones
O Phantom System foi de longe o clone de Nintendinho
mais famoso da época, existe uma lenda que a Gradiente pretendia lançar o Atari
7.800 por aqui, mas acabou desistindo, a empresa aproveitou o modelo da carcaça
para colocar o hardware do NES 8 bits, o controle era totalmente copiado do
design do Mega Drive e sua pistola era
descaradamente igual a pistola Light Phaser do Master System!.
Mesmo com toda essa
gambiarra, o Phantom System trazia o que havia de melhor em tecnologia e foi o
clone mais vendido da época. Graças as altas vendas e essa engenharia maluca dos brasileiros que
impressionou os japoneses da Nintendo, a Gradiente se tornou a empresa que
seria responsável pelo lançamento oficial da Nintendo no Brasil em 1993.
BIT SYSTEM:
igualzinho ao nes original
O Bit System é o clone brasileiro mais parecido com o NES
norte-americano. O aparelho foi lançado em 1989 pela Dysmac. Possuía uma
pistola e cartuchos próprios, mas aceitava os controles originais do NES e
cartuchos de 72 pinos.
TOP GAME VG- 8.000:
uma raridade bem feia
O Top Game VG-8000 foi o primeiro clone de nintendinho
fabricado pela CCE. Seu design era parecido com um clone de Atari 2.600 até
mesmo nos controles.
O VG- 8.000 foi lançado em 1989 e ficou pouco
tempo no mercado, pois em 1990 a CCE lançou o modelo VG-9.000 que fez muito mais
sucesso.
TOP GAME VG-9.000:
muito mais bonito
O Top Game VG- 9.000 da CCE era uma evolução do console anterior e foi o
primeiro console nacional a possuir entrada para os dois padrões de cartuchos
(60 e 72 pinos), que o tornou bastante popular. Após o seu lançamento, muitas
empresas copiaram a ideia .
TURBO GAME:
o controle bizarro
Também produzido pela CCE em 1991, era uma evolução do Top
Game VG 9.000, o Turbo Game manteve as duas entradas de cartuchos (72 e 60
pinos), porém agora possuía os controles parecidos com os do Phantom System, que
possuíam botões com a função turbo, daí o nome do novo console, porém os
controles eram bizarramente invertidos em relação ao Phantom.
HI TOP GAME:
barato e popular
O Hi-Top Game foi lançado pela Milmar em 1990. O console era
o mais barato e simples entre todos os clones de nintendinho, ainda
oferecia cartuchos inéditos, como Futebol, um jogo com
times brasileiros como Flamengo, Vasco, Corinthians e Internacional . Curiosamente, os
botões Start e Select se localizavam no console.
SUPER CHARGER:
igualzinho ao famicom original
Fabricado pela empresa IBTC e lançado em 1990, o Super
Charger imitava o design do Famicom original, com encaixe para os controles na lateral. O console possuía um botão
para ejetar os cartuchos de 60 pinos igual ao Famicom japonês.
PRO SYSTEM-8 :
o esquecido
O Pro System-8 foi lançado em 1994 pela empresa Chips do
Brasil, no auge da guerra dos 16 bits no país, o console possuía um design parecido com o do Super Famicom e os controles tinham funções turbo e câmera lenta.
GENIECOM:
o preferido dos trapaceiros
Esse clone lançado em 1992, possuía uma peculiaridade
interessante: tinha um Game Genie embutido. Um recurso realmente bastante
tentador para aqueles que adoravam trapacear nos jogos, vinha até mesmo um
livro com centenas de códigos de trapaça.
A CHEGADA OFICIAL DA NINTENDO NO BRASIL:
A Nintendo chegou oficialmente ao Brasil apenas
no final do ano de 1993,com o fim da Lei da Reserva de Mercado, através da Playtronic Industrial Ltda., uma união entre as
empresas Gradiente e Estrela.
a chegada oficial da nintendo no Brasil
Devido a parceria com a Nintendo, a Gradiente parou de produzir o Phantom System, além disso as outras empresas começaram a diminuir a produção dos clones de nintendinho, porém muitos consumidores preferiam comprar os clones que eram muito mais baratos que o console original.
A chegada oficial da Nintendo ao Brasil foi tardia, por causa disso o NES 8 bits original não teve tanto destaque, pois em 1993 a guerra dos consoles de 16 bits Mega Drive e Super Nintendo estava em seu auge.
Bem é isso ai pessoal, espero que tenham gostado de relembrar essa época maravilhosa que marcou uma geração de crianças que puderam viver a era dos 8 bits mesmo de uma maneira meio torta. Em breve irei trazer outras postagens nostálgicas, até a próxima
eu joguei em todos esses aparelhos.
ResponderExcluireu fui uma criança de sorte
eu tinha um master system, mas cheguei a jogar alguns deles na casa de colegas
ExcluirEu tive um HI TOP GAME, foi o meu primeiro vídeo game.
ResponderExcluirTive um Bit system. Todos tinham um Phantom e eu pedi um Bit system... os motivos perderam-se na lógica do eu de 8 anos de idade rs
ResponderExcluirSó faltou falar o polystation para fechar o caixão. kkk
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