quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Os clones de nintendinho 8 bits dos anos 90


    Olá a todos que acompanham o blog, sejam bem vindos a mais uma postagem do Canil do Beagle. Aproveitando ainda o clima do mês de Janeiro, nada melhor do que relembrar uma época em que a molecada passava o mês inteiro brincando durante as férias escolares, porém no ano de 1988, uma novidade chegou ao Brasil, um novo tipo de videogame que tomou de assalto as crianças da época e que ficou popularmente conhecido no Brasil como os clones do nintendinho ou famiclones.

os diversos clones de um mesmo console

O FIM DO REINADO DO ATARI:

    No final de década de 1980, diferente dos Estados Unidos onde havia sido responsável pelo "crash" do mercado em 1983, o Atari 2.600 ainda reinava absoluto no Brasil e era sinônimo de Videogame.


os sucessos da época

     Dezenas de crianças passavam horas jogando Pitfall, Enduro, Decathlon e River Raid nos aparelhos originais da Polyvox ou dos clones da CCE, Dynacom e afins.
    Por falar em Dynacom, ela foi a responsável por produzir o primeiro clone do NES 8 bits e decretar o fim da Atari em nosso país.

A LEI DE RESERVA DE MERCADO E A ORIGEM DOS CLONES DE NINTENDINHO.

     Vocês, leitores mais novos devem estar se perguntando como assim clones do NES 8 bits? Porque não lançaram o console original no Brasil? A resposta para essas perguntas é meio complexa, mas vou tentar explicar de maneira clara.
    Durante o período do regime militar, foi sancionada a Lei de Reserva de Mercado, que tinha como objetivo estimular a indústria nacional de informática, proibindo a importação de aparelhos eletrônicos sob a desculpa de uma "proteção" da indústria nacional.

atraso tecnológico e pirataria liberada

    O problema é que por causa da Lei de Reserva de Mercado, o Brasil ficou atrasado tecnologicamente, além disso, essa lei favoreceu a pirataria, pois empresas nacionais copiavam descaradamente projetos de outros países sem pagar direitos autorais, dizendo que haviam sido feitos no Brasil, trocando em miúdos era uma pirataria legalizada.
    De olho no crescente e renascido mercado de games Norte-Americano, as indústrias nacionais trataram de copiar a tecnologia da Nintendo e colocar em carcaças produzidas aqui e pronto surgiram os clones do NES 8 bits, carinhosamente chamado de nintendinho.

60 OU 72 PINOS ? :

    Quem viveu a febre do NES e seus clones no Brasil provavelmente se lembra de um aspecto fundamental: cartuchos de 60 ou 72 pinos. O padrão americano, com 72 pinos, com fitas maiores, foi o mais popular nas lojas do Brasil, enquanto o padrão japonês do Famicom, com 60 pinos, tinha fitas  mais compactas muito comuns nas videolocadoras.

os padrões de fitas do nintendo e seus clones

    Havia clones do Nintendinho com suporte para ambos os formatos, além de adaptadores para o padrão de 60  e 72 pinos.

A GUERRA DOS 8 BITS NO BRASIL:  


    Assim como aconteceu em outros países, as crianças brasileiras também viveram uma disputa pela preferência nos consoles de 8 bits, de um lado tínhamos o Master System, trazido oficialmente para o Brasil pela Tec Toy, com uma gigantesca campanha de marketing, do outro tínhamos os clones de nintendo, uma vez que a gigante japonesa não existia oficialmente em nosso país. Os clones de NES eram muito mais baratos que o console da Sega e por isso mais acessíveis as crianças menos abastadas.



propagandas da época

    Mesmo não sendo originais, era muito comum propagandas dos clones de nintendo nas revistas de videogame da época.

OS PRINCIPAIS CLONES DE NINTENDINHO:

   Entre 1988 e 1995, existiram dezenas de clones do NES, alguns ficaram bem famosos e outros foram esquecido ao longo do tempo. Irei abordar um pouco dos modelos mais famosos.

DYNAVISION II:

o pioneiro

     Foi o primeiro clone de NES lançado no Brasil, produzido pela Dynacom, que fabricava um clone do Atari 2.600 chamado de Dynavision, tanto que a carcaça desse primeiro clone de nintendinho é idêntica ao modelo anterior, mudando apenas as cores. Curiosamente, o modelo de controle é o mesmo, parecido com o do clone do Atari.

DYNAVISION III:

uma excelente evolução

      A Dynacon lançou em 1991 a terceira versão de seu console. O console agora tinha o sistema  double system (encaixe para os dois padrões de cartuchos 60 e 72 pinos). Os joysticks melhoraram muito, ficaram parecidos com o do Mega Drive da SEGA e possuíam botões de turbo .
   Ao longo dos anos, a Dynacom lançou diferente versões desse modelo como o Dynavision III Action e Radical.

DYNAVISION IV:

apenas mudou o formato

    É o quarto modelo do Dynavision, foi lançado em 1995. Ele tinha um design mais compacto que as versões anteriores e também possuiu diversos modelos como o Advance, Action e o Radical.

PHANTOM SYSTEM:

o mais famoso dos clones

     O Phantom System foi de longe o clone de Nintendinho mais famoso da época, existe uma lenda que a Gradiente pretendia lançar o Atari 7.800 por aqui, mas acabou desistindo, a empresa aproveitou o modelo da carcaça para colocar o hardware do NES 8 bits, o controle era totalmente copiado do design do Mega Drive e sua pistola era descaradamente igual a pistola Light Phaser do Master System!.
   Mesmo com toda essa gambiarra, o Phantom System trazia o que havia de melhor em tecnologia e foi o clone mais vendido da época. Graças as altas vendas e essa engenharia maluca dos brasileiros que impressionou os japoneses da Nintendo, a Gradiente se tornou a empresa que seria responsável pelo lançamento oficial da Nintendo no Brasil em 1993.

BIT SYSTEM:

igualzinho ao nes original

    O Bit System é o clone brasileiro mais parecido com o NES norte-americano. O aparelho foi lançado em 1989 pela Dysmac. Possuía uma pistola e cartuchos próprios, mas aceitava os controles originais do NES e cartuchos de 72 pinos.

TOP GAME VG- 8.000:

uma raridade bem feia

    O Top Game VG-8000 foi o primeiro clone de nintendinho fabricado pela CCE. Seu design era parecido com um clone de Atari 2.600 até mesmo nos controles.
   O VG- 8.000 foi lançado em 1989 e ficou pouco tempo no mercado, pois em 1990 a CCE lançou o modelo VG-9.000 que fez muito mais sucesso.

TOP GAME VG-9.000:

muito mais bonito

    O Top Game VG- 9.000 da CCE  era uma evolução do console anterior e foi o primeiro console nacional a possuir entrada para os dois padrões de cartuchos (60 e 72 pinos), que o tornou bastante popular. Após o seu lançamento, muitas empresas copiaram a ideia .

TURBO GAME:

o controle bizarro

    Também produzido pela CCE em 1991, era uma evolução do Top Game VG 9.000, o Turbo Game manteve as duas entradas de cartuchos (72 e 60 pinos), porém agora possuía os controles parecidos com os do Phantom System, que possuíam botões com a função turbo, daí o nome do novo console, porém os controles eram bizarramente invertidos em relação ao Phantom.

HI TOP GAME:

barato e popular

    O Hi-Top Game foi lançado pela Milmar em 1990. O console era o mais barato e simples entre todos os clones de nintendinho, ainda oferecia cartuchos inéditos, como Futebol, um jogo com times brasileiros como Flamengo, Vasco, Corinthians e Internacional . Curiosamente, os botões Start e Select se localizavam no console.

SUPER CHARGER:

igualzinho ao famicom original

     Fabricado pela empresa IBTC e lançado em 1990, o Super Charger  imitava o design do Famicom original, com encaixe para os controles na lateral. O console possuía um botão para ejetar os cartuchos de 60 pinos igual ao Famicom japonês.

PRO SYSTEM-8 :

o esquecido

    O Pro System-8 foi lançado em 1994 pela empresa Chips do Brasil, no auge da guerra dos 16 bits no país, o console possuía um design parecido com o do Super Famicom e os controles tinham funções turbo e câmera lenta.

GENIECOM:

o preferido dos trapaceiros

    Esse clone lançado em 1992, possuía uma peculiaridade interessante: tinha um Game Genie embutido. Um recurso realmente bastante tentador para aqueles que adoravam trapacear nos jogos, vinha até mesmo um livro com centenas de códigos de trapaça.

A CHEGADA OFICIAL DA NINTENDO NO BRASIL:

     A Nintendo chegou oficialmente ao Brasil apenas no final do ano de 1993,com o fim da Lei da Reserva de Mercado, através da Playtronic Industrial Ltda., uma união entre as empresas Gradiente e Estrela. 

a chegada oficial da nintendo no Brasil

      Devido a parceria com a Nintendo, a Gradiente parou de produzir o Phantom System, além disso as outras empresas começaram a diminuir a produção dos clones de nintendinho, porém muitos consumidores preferiam comprar os clones que eram muito mais baratos que o console original.
    A chegada oficial da Nintendo ao Brasil foi tardia, por causa disso o NES 8 bits original não teve tanto destaque, pois em 1993 a guerra dos consoles de 16 bits Mega Drive e Super Nintendo estava em seu auge.
   Bem é isso ai pessoal, espero que tenham gostado de relembrar essa época maravilhosa que marcou uma geração de crianças que puderam viver a era dos 8 bits mesmo de uma maneira meio torta. Em breve irei trazer outras postagens nostálgicas, até a próxima  

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

As locadoras de games dos anos 90


     Olá a todos que acompanham o blog, sejam bem vindos a mais uma postagem do Canil do Beagle. Estamos no mês de Janeiro, época de férias escolares, por isso decidi fazer uma postagem especial para a galera mais velha que nessa época do ano passava as tardes jogando nas locadoras de jogos de videogame.

uma época maravilhosa

       O COMEÇO DE TUDO:

      Para quem nasceu agora, baixando jogos na internet para o X-box One e o Playstation 4, não deve ter noção do quanto era difícil ter um jogo novo em casa.
     No ano de 1989, chegavam ao Brasil os consoles da 3ª geração de videogames: de um lado tínhamos o Master System da SEGA lançado pela Tec Toy com uma campanha de marketing monstruosa; do outro os clones de nintendinho como: Phanton System, Bit System, Turbo Game, Top Game, Hi-Top Game, Super Charger entre outros.

  
as estrelas da época

      No meio disso tudo, estavam os jogadores sedentos para jogar as novidades que inundavam o mercado, o problema era que uma fita de videogame era muito cara e a maioria das crianças não podiam pedir para os pais comprarem um jogo novo a cada semana, além disso, por causa da inflação do período, o preço de um jogo poderia dobrar ou triplicar de uma semana para outra.

propaganda de jogos da época

  Os donos das videolocadoras, atentos a nova tecnologia, então passaram a disponibilizar um espaço entre as fitas de VHS, para o aluguel de fitas de videogame.

ENTRE FILMES E JOGOS:

      No começo, muitas locadoras de VHS também disponibilizavam uma área para o aluguel de jogos de videogame, era um espaço modesto onde caixas de jogos de Master System e clones de nintendinho disputavam espaço com os sucessos de Van Damme,
Chuck Norris,Meg Ryan e Tom Cruise. Toda vez que nosso pais iam alugar um filme era de lei pedirmos para alugarmos um jogo.

SURGEM AS LOCADORAS EXCLUSIVAS DE JOGOS:

      De olho no crescimento do novo meio de entretenimento e com a chegada do Mega Drive, logo surgiram as locadoras exclusivas de jogos de videogame. Era o sonho de todo moleque: um espaço enorme com centenas de jogos para escolher.

a poderosa pro games

    Algumas eram tão grandes e profissionais que também alugavam adaptadores, controles, pistolas e até consoles!

ESCOLHENDO UM JOGO PARA ALUGAR:

       Hoje em dia, basta a molecada assistir um vídeo no Youtube para saber se um jogo presta ou não, mas antigamente as coisas eram muito mais complicadas: Muitas vezes, você alugava um jogo devido a imagem da caixa e das fotos no verso dela, mesmo para galera que comprava as revistas da época como a Videogame e a Ação Games, acabava se dando mal, essas revistas tinham a capacidade de fazer uma bela descrição de um jogo ruim "floreando a situação", às vezes saía apenas um pequeno "review" sobre um jogo que seria lançado.



capas fodas jogos ruins

     Por causa disso, era comum a molecada acabar alugando um jogo ruim, mas quando o jogo era bom, tentávamos aproveitar o máximo dele.

OS MELHORES JOGOS SAIAM PRIMEIRO:

      Uma coisa muito comum naquela época era a garotada chegar cedo na locadora para pegar os melhores jogos, normalmente na sexta-feira depois da escola ou no sábado de manhã bem cedo, algumas locadoras tinham uma promoção de alugar 3 fitas na sexta e só devolver na segunda, então quem chegava tarde acabava pegando só a raspa do tacho. 




pra pegar os melhores jogos só chegando muito cedo

     No auge das locadoras de games, existia até lista de espera para alugar o lançamento do momento como Mortal Kombat 2 ou Fatal Fury Special.

PAGANDO PARA JOGAR NA LOCADORA:

      Em 1992, as locadoras de games decidiram inovar e passaram a disponibilizar consoles para que a criançada pudesse jogar por hora na própria locadora, normalmente eram Mega Drives e Super Nintendos.

pagar pra jogar na locadora era comum

       Pra garotada de hoje em dia pode parecer bizarro, mas muitas crianças não tinham dinheiro para comprar um videogame, então essa era a oportunidade que muitas tinham para matar a vontade de jogar, bastava escolher um jogo, pagava-se um valor relativamente barato e a molecada jogava por 1 hora ou mais, algumas chegavam a passar o dia inteiro jogando.

passar o dia enfurnado jogando 

  Com certeza, muitas mães devem ter surtado nessa época achando que os filhos haviam sido sequestrados, mas eles estavam apenas enfurnados nas locadoras jogando, acredito que muitos devam ter levado uns tapas ao chegar em casa.

A FEBRE STREET FIGHTER II NAS LOCADORAS:

     Os anos de 1992 e 1993 foram responsáveis por uma verdadeira febre com a chegada de Street Fighter II para o Super Nintendo, em qualquer locadora que você ia era de lei você ver a molecada jogando o clássico da CAPCOM, normalmente muitas tinham mais de uma cópia não apenas para alugar, mais também para jogar na hora.

o clássico que fez as locadoras bombarem

    Durante um bom tempo havia o debate entre os fãs de Super Nintendo e Mega Drive devido a exclusividade para o console da Nintendo; no meio de 1993, os donos do velho nintendinho foram agraciados com versões piratas da turma de Ryu e Ken que eram muito alugadas pela galera que não podia comprar um Super Nintendo.

 
até o nintendinho ganhou versões piratas

  Somente em 1994, é que o Mega Drive ganhou sua versão de Street Fighter II, mas ela veio com a Champion Edition, com direito a escolher os chefões: Balrog, Vega, Sagat e Bison.

a espetacular versão do mega drive

     Mesmo com esse longo atraso, os donos de Mega Drive também puderam curtir o jogo do momento com direito a um novo controle de 6 botões.

HISTÓRIAS PRA CONTAR E MUITAS MENTIRAS:

        Uma das coisas mais legais das locadoras de games era que você fazia muitas amizades, recebia dicas e até mesmo sugestões de jogos para alugar de pessoas que você não conhecia e acabava fazendo amizade na hora. Outro ponto interessante é que sempre existia aquele garoto mentiroso que dizia que terminava todos os jogos ou conseguiu uma façanha incrível como chamar o Reptile no Mortal Kombat, o que poucos conseguiam, ou que enfrentou o lutador secreto no Street Fighter II, numa época em que o Akuma nem existia; às vezes aparecia aquele cidadão falando de um jogo que só ele tinha ouvido falar e todos acreditavam.

mentiras dos tempos das locadoras

        Com o advento da internet muitas lendas daquela época foram desmentidas e hoje em dia as pessoas dão risadas quando se lembram.

O FIM DAS LOCADORAS DE GAMES:

      Com a chegada dos consoles que utilizavam a mídia em CD ( mais baratas e fáceis de copiar) como o Playstation 1 e o Saturn, a pirataria começou a acabar com as locadoras de games, afinal era muito mais vantajoso você comprar um CD pirata por R$10,00 do que alugar um jogo por R$5,00. 

jogos de camelô

     Por causa disso, as locadoras de games foram desaparecendo por volta de 1998/99, encerrando um ciclo que marcou os fãs.

    Bem, é isso aí pessoal, espero que tenham gostado de relembrar essa época maravilhosa, onde podíamos passar uma tarde inteira jogando o nosso jogo favorito sem nos preocupar com mais nada. Em breve o Canil do Beagle vai trazer mais uma postagem especial de férias, até a próxima.