quinta-feira, 24 de maio de 2018

Hammer Studios: A casa do horror gótico


    Olá a todos que acompanham o blog, sejam bem vindos a mais uma postagem saudosista. Hoje irei falar sobre um certo estúdio inglês, que trouxe de volta os monstros clássicos em cores vivas, sangue em profusão e mulheres sensuais em decotes generosos. Estou falando dele, o saudoso Hammer Studios.

monstros coloridos

OS MONSTROS EM PRETO E BRANCO DA UNIVERSAL:

    Quando falamos nos monstros clássicos, a primeira coisa que vem a cabeça dos fãs é a versão dos estúdios Universal.

 a versão mais famosa

       Para quem esteve em uma caverna nos últimos 100 anos, a Universal foi um estúdio de cinema norte americano que adaptou para as telas do cinema entre as década de 1930 e 1940, clássicos da literatura de terror como: Drácula, Frankestein, a Noiva de Frankenstein, o Lobisomem, a Múmia, o Monstro da Lagoa Negra, o Homem Invisível, o Fantasma da Ópera, entre outros.
     Devido ao seu pioneirismo, os filmes foram sucesso de critica e público, marcando no imaginário popular o visual de suas criaturas. 

visual definitivo

       Várias sequências foram feitas, porém assim como tudo tem um auge, os monstros da Universal entraram em decadência, chegando no fundo do poço com o encontro das criaturas com os comediantes Bud Abbott e Lou Costelo.

o fundo do poço dos monstros

     Depois disso, os monstros foram deixados de lado, pelos filmes de guerra e de ficção científica B dos anos 50.

O SURGIMENTO DO HAMMER STUDIOS:

       Enquanto na América os monstros entravam em decadência, do outro lado do Atlântico, um pequeno estúdio inglês preparava uma revolução. Fundado no ano de 1934 pelo comediante William Hinds, o estúdio Hammer começou de maneira tímida, produzindo alguns filmes de pouca importância chegando a falência em 1937.

o primeiro logotipo da hammer

     O estúdio foi revitalizado em 1946, quando James Carreras e Anthony Hinds, o filho do fundador, resolveram produzir filmes de baixo orçamento para preencher os horários vagos nos cinemas.

hinds e carreras

       No ano de 1955, a Hammer produziu o filme: Terror que Mata, uma ficção científica com uma certa dose de violência.

o filme que mudou tudo

     O filme obteve uma bilheteria considerável e o estúdio percebeu que os espectadores se interessaram pela violência apresentada na tela, ciente disso e com dinheiro suficiente, a Hammer deu um novo e ousado passo: produzir grandes filmes de terror coloridos.

A CASA DO HORROR GÓTICO:

    Os estúdios Hammer produziram diversos filmes de terror entre 1957 e 1979, sendo seu auge na década de 1960.

símbolo de qualidade

     Para se diferenciar da Universal com seus filmes de terror se passando na década de 1930, as histórias do estúdio inglês aconteciam no final do século XIX, sendo bem mais fiéis as obras literárias. Além disso, pela primeira vez os filmes de terror seriam produzidos em cores vivas, com direito a muito sangue e violência.

pela primeira vez sangue e em cores

     Os filmes de terror do estúdio, se destacaram por criar algumas características que ficaram marcadas no gênero: castelos imponentes no alto de um penhasco, florestas fantasmagóricas, pequenas vilas com seus aldeões assustados e principalmente belas mulheres com seus vestidos coloridos com longos decotes.

um castelo sinistro em uma floresta sombria 

      Graças a esses pequenos detalhes que davam um charme a mais, os filmes da Hammer acabaram entrando no imaginário popular.

 AS MUSAS DA HAMMER:

      Uma das características dos filmes da Hammer, era a presença de belas mulheres, em vestidos de cores vivas e generosos decotes.
   Entre as mais belas musas que estrelaram os filmes do estúdio inglês se destacam: Veronica Carlson, Suzan Farmer, Barbara Sheley, Caroline Munro, Melissa Stribling, Madeline Smith, Stephanie Beacham,Yutte Stensgaard e a maior de todas: a bela Ingrid Pitt.



a musas da hammer e seus decotes

     Inicialmente, a sensualidade era apenas sugerida, porém com o passar dos filmes o tamanho dos decotes foram aumentando, depois as atrizes começaram a aparecer sem roupa, porém sem jamais perder a sensualidade. 

UM PEQUENO ESTÚDIO COM GRANDES IDEIAS:

       A Hammer era uma pequena produtora com poucos recursos, mas isso não impediu que seus filmes tivessem um ar de super-produção, para contornar esse problema, ela se valeu de diversos truques: utilizava maquetes e pinturas para representar os castelos e as montanhas, as gravações externas desses lugares eram feitas em frente a castelos de verdade, os cenários eram repetidos a exaustão com algumas mudanças.

uma maquete pegando fogo

      Outra característica era o elenco enxuto, que se repetia com uma certa frequência e que tinha como principais estrelas Christopher Lee e Peter Cushing.

as estrelas do estúdio

    Os elegantes atores fizeram tantos filmes juntos, que acabaram ficando conhecidos como os cavalheiros do horror.

A FRANQUIA FRANKENSTEIN:

     O primeiro monstro levado as telas pela Hammer, foi a criatura de Frankenstein com o filme: A Maldição de Frankenstein de 1958. 

o pioneiro 

      O roteiro foi apenas levemente inspirado na obra de Mary Sheley, nessa versão o verdadeiro vilão é o barão Victor Frankenstein, interpretado magistralmente por Peter Cushing, um homem frio, sem escrúpulos, capaz de matar qualquer um para poder conceber sua criatura.

o verdadeiro vilão 

      Por falar em criatura, a nova versão do monstro foi completamente diferente da conhecida até então, devido aos direitos autorais pertencerem a Universal, a Hammer não pode repetir o visual eternizado por Boris Karloff com sua cabeça quadrada, pele verde e pinos no pescoço. O estúdio resolveu ser mais fiel a obra literária e a criatura vista no filme era um verdadeiro cadáver ambulante, com pedaços de corpos costurados, sendo verdadeiramente assustadora.

diferente e assustador

      O filme foi um sucesso de bilheteria e isso acabou dando origem a mais seis filmes: A Vingança de Frankenstein, O Monstro de Frankenstein, ...E Frankenstein Criou a Mulher, Frankenstein Tem que ser Destruído, Frankenstein e o Monstro do Inferno e por último O Horror de Frankenstein que não foi estrelado por Peter Cushing.


 
a série Frankenstein

     Todos esses filmes eram focados no Barão Frankenstein, que foi ficando cada vez mais violento e amoral, chegando ao ponto de violentar sexualmente uma mulher. Outra diferença é que cada filme trazia uma criatura completamente diferente, chegando ao ponto de nem mesmo termos uma criatura como em ...E Frankenstein Criou a Mulher; uma vez que o próprio barão era o verdadeiro monstro da série.

A FRANQUIA DRÁCULA:

     A joia da coroa da Hammer era a franquia Drácula, estrelada por Christopher Lee, graças ao seu jeito imponente e assustador, o ator logo ficou marcado no papel do conde vampiro.

o drácula mais assustador de todos

    Produzido e lançado também no ano de 1958, o Vampiro da Noite mais uma vez é apenas levemente baseado na sua contraparte literária, utilizando alguns conceitos e nomes dos personagens da obra de Bram Stoker. 

o melhor filme da hammer

      Nesta versão, Jonathan Harker é um bibliotecário que vai ao castelo de Drácula para organizar seus livros. Na verdade, ele é um caçador de vampiros que pretende livrar o mundo da criatura, o plano dá errado e Harker acaba vampirizado, fazendo com que seu amigo, o Dr. Abraham Van Helsing entre em ação.

o melhor van helsing

     Van Helsing decide caçar o conde Drácula, antes que o vampiro ataque Lucy, a noiva de Harker e sua cunhada Mina, para isso ele irá contar com a ajuda do marido de Mina: Arthur Holmwood. A batalha final se dará dentro do castelo de Drácula em uma cena eletrizante e espetacular.

a batalha final

     O filme mais uma vez foi um sucesso, dando origem a uma longa franquia com Lee no papel do Conde: Drácula o Príncipe das Trevas, Drácula o Perfil do Diabo, O Sangue de Drácula, O Conde Drácula, Drácula 1972 (também conhecido como Drácula no Mundo da Minissaia) e os Ritos Satânicos de Drácula.


a franquia drácula

      Além disso, a franquia conta com dois filmes que não tiveram a presença de Lee, mas contavam com a participação de Peter Cushing como Van Helsing: As Noivas do Vampiro e A Lenda dos 7 Vampiros.

sem lee mas com cushing

   Desses dois, apenas As Noivas do Vampiro é digno de nota, o outro é considerado o pior filme do estúdio Hammer.

 A FRANQUIA A MÚMIA:

     A terceira franquia da Hammer foi da Múmia lançado em 1959, A Múmia contava mais uma vez com a dupla Lee e Cushing nos papéis principais.

 a terceira franquia 

    Christopher Lee interpreta a Múmia do sacerdote egípcio Kharis, que foi amaldiçoado com a vida eterna por ter se apaixonado pela princesa Ananka.

a espetacular maquiagem

     Peter Cushing, interpreta o arqueólogo John Banning que precisa deter a fúria da criatura que acredita que a noiva do arqueólogo é a reencarnação da princesa Ananka.

indiana cushing

     O filme é espetacular, com ar de super-produção, a maquiagem de Lee como a Múmia é magnífica e assustadora. Mais uma vez, o filme foi um sucesso dando origem a mais três sequências: A Maldição da Múmia, A Mortalha da Múmia e Sangue no Sarcófago da Múmia.

a terceira franquia

     Porém, diferente das outras franquias nenhuma das sequências da Múmia contava com a participação de Peter Cushing ou Christopher Lee, talvez por isso essa franquia seja pouco lembrada pelos fãs.

 OS OUTROS FILMES DE TERROR:

      Além do Drácula, Frankenstein e da Múmia; A Hammer investiu em diversos outros filmes de terror como: O Monstro de Duas Caras (com a história de o Médico e o Monstro), O Fantasma da Ópera, O Beijo do Vampiro, O Circo dos Vampiros, Capitão Kronos- o Caçador de Vampiros, Epidemia de Zumbis (com algumas características que George Romero levaria as telas dois anos depois), Maniac, Fanatismo Macabro, O Cão dos Baskervilles (um clássico de Sherlock Holmes), A Maldição do Lobisomem (com a única vez que a criatura foi produzida pela Hammer) e o espetacular A Górgona levando a Medusa a um novo patamar.



os diversos outros filmes da hammer

     Isso mostrava que o estúdio não ficava preso as suas franquias, a Hammer também produziu filmes de ação, suspense, ficção, guerra e épicos históricos.

A TRILOGIA KARNSTEIN:

    Na década de 1970, já entrando em decadência, a Hammer produziu uma trilogia baseada na obra de Sheridan Le Fanu: Carmilla.

a trilogia das vampiras lésbicas

    Formada por: Carmila a Vampira de Karnstein, Luxúria de Vampiros e as Filhas de Drácula; a série contava a história da vampira Carmilla Karnstein, que voltava a vida para seduzir jovens mulheres

as várias faces de carmila karnstein

    Diferente das outras produções, a trilogia abusava das cenas de nudez e de um pouco de lesbianismo soft entre as atrizes.

vampira sedutora

      Estrelada por Ingrid Pitt, Yutte Stensgaard e as gêmeas Mary e Madeline Collinson, a trilogia fazia a alegria dos marmanjos da época.

  
belas, sedutoras e mortais

     Mesmo com um certo tom de erotismo elevado para época, os filmes mantinham o charme aristocrático das outras produções do estúdio, o que garantiu um pouco mais de bilheteria.

A DECADÊNCIA DA HAMMER:

      No final da década de 1960 e começo de 1970, a Hammer começou a perder sua platéia para os novos filmes de terror norte americanos como: O Bebê de Rosemary, A Noite dos Mortos Vivos, O Exorcista e o Massacre da Serra Elétrica; além dos filmes de Kung-Fu e dos primeiros filmes pornôs. 

a nova cara do terror

      Definitivamente, o público não queria mais saber de monstros do século XIX, mas do mal que poderia ser o nosso próprio vizinho.
     Para contornar a situação, a Hammer investiu na trilogia Karnstein com suas vampiras lésbicas, que deu uma sobrevida ao estúdio. Outra tentativa foi trazer as histórias do Drácula para os anos 70  com: Drácula 1972 e Os Ritos Satânicos de Drácula; o primeiro foi mediano e o segundo muito fraco.
    O prego no caixão da Hammer porém foi A Lenda dos 7 Vampiros, misturando de maneira absurda lutadores de Kung Fu com o Conde Drácula.

kung-fu contra vampiros!!

    O filme tentou pegar carona nos filmes de Bruce Lee que faziam muito sucesso na época, Christopher Lee que já estava de saco cheio do Drácula pulou fora dessa bomba, porém Peter Cushing acabou entrando de gaiato interpretando novamente o caçador Van Helsing. O filme naufragou nas bilheterias fazendo o estúdio abandonar os cinemas.

HAMMER VAI PARA A TELEVISÃO:

      Depois dos fracassos no cinema, em 1980 a Hammer se voltou para a televisão com a série: Hammer- a Casa do Horror, onde produziu uma boa série com 13 histórias de terror envolvendo vampiros, bruxas, canibais, fantasmas, casas mal assombradas entre outros, todas elas se passando nos dias atuais.

uma boa série de televisão

    No ano de 1984, a Hammer produziu uma nova série chamada: Hammer a Casa do Mistério e Suspense, mais uma vez com 13 episódios, dessa vez voltados para o suspense e a violência.

 a última tentativa

      Essa série, foi a última produção dos estúdios Hammer antes de encerrar suas atividades em definitivo.

  A VOLTA DA HAMMER:

    No ano de 2007, o produtor holandês John de Mol, dono da Endemol, a criadora do Big Brother e outros reality shows, comprou os direitos da Hammer Films através de sua empresa Cyrte Investments. Novos filmes foram produzidos entre 2008 e 2015 como: Deixe-me entrar, a Mulher de Preto, A Inquilina, Despertar dos Mortos, A Marca do Medo e A Mulher de Preto 2.


os novos filmes da hammer

      Alguns desses filmes obtiveram um maior ou menor sucesso, mas bem longe do auge do nome Hammer.
     Bem é isso ai pessoal, espero que tenham gostado de conhecer um pouco desse estúdio inglês, que mesmo com poucos recursos marcou seu nome na história do cinema de horror, para quem se interessar todos os principais filmes da Hammer já foram lançados em DVD no Brasil. Ah é não percam a próxima postagem pois era será a de número 200 do blog e vocês vão adorar, até a próxima.


3 comentários:

  1. Parabéns, meu amigo! Excelente post! Destaque especial para AS MUSAS DA HAMMER

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  2. Adorei sua matéria cara parabéns sou um fa

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    1. muito obrigado, espero que curta as outras postagens

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