Olá a todos que acompanham o blog, sejam bem vindos a primeira postagem de Novembro do Canil do Beagle. Mesmo em ritmo lento, estou tentando fazer postagens cada vez mais especiais enquanto administro a vida de professor, pai e blogueiro.
Ao longo desse ano, eu escrevi sobre duas das mais famosas revistas de videogame do país: a Ação Games e a Videogame. Porém, faltava falar sobre outra revista que era muito querida pelos leitores e que surgiu da união de outras duas revistas, estou falando da Super GamePower.
NO INÍCIO TUDO ERAM TREVAS:
No começo do ano de 1991, a editora Nova Cultural, uma editora que surgiu como uma divisão da editora Abril, viu que as revistas Videogame e Ação Games estavam crescendo cada vez mais no mercado editorial e resolveu entrar de cabeça na onda do momento.
A Nova Cultural queria se diferenciar da concorrência, uma vez que a Videogame e a Ação Games falavam sobre todos os consoles, a editora resolveu focar em uma única empresa de videogame e a escolhida foi a SEGA, graças ao lançamento oficial do Master System, do Mega Drive e do Game Gear pela Tec Toy.
Com a ideia já desenvolvida era a hora de escolher quem iria comandar a revista, eis que um norte americano radicado no Brasil apareceu e mudou tudo.
EIS QUE SURGE O CHEFE:
O escolhido para comandar o projeto da nova revista de videogames foi o americano radicado no Brasil: Matthew Shirts.
Matthew Shirts, era um norte americano, nascido na Geórgia, que havia chegado ao Brasil em 1976 como aluno de intercâmbio da USP. Ao ser convidado para a criação da nova revista, Matthew modificou completamente o projeto, baseado nas revistas norte americanas GamePro e Electronic Gaming Monthly.
Abusando das gírias da época e de uma explosão de cores nas páginas, a revista foi batizada de SuperGame.
Além disso, Matthew criou um personagem para conversar diretamente com o público: "O CHEFE" que se dirigia diretamente ao leitor de maneira despretensiosa, mas que nunca mostrava o seu rosto, apenas sua caricatura, isso era uma das coisas mais bacanas da época.
Depois da reformulação e da criação do Chefe, era chegada a hora de lançar a revista e dominar as bancas de jornais.
SUPERGAME- A REVISTA DA SEGA:
Lançada em Julho de 1991,a SuperGame agradou a todos e se tornou um sucesso imediato.
A SEGA estava em seu auge no país graças aos lançamentos oficiais pela Tec Toy. A representante da casa do Sonic acabou fechando uma parceria com a SuperGame e com isso a revista sempre falava em primeira mão dos lançamentos do momento
Por se especializar em uma única empresa de games, a SuperGame trazia detalhes minuciosos de lançamentos e notícias sobre o Master System, o Mega Drive e o Game Gear, falando principalmente de jogos que foram lançado no exterior.
Uma das coisas mais bacanas da SuperGame era que todas as edições vinham com belos posters gigantes dos jogos da SEGA.
Com o sucesso da SuperGame, a Nova Cultural resolveu criar uma nova revista, dessa vez falando exclusivamente da empresa concorrente: a Nintendo.
GAMEPOWER- A REVISTA DA NINTENDO:
No ano de 1992, com o sucesso da revista de videogames falando sobre a SEGA, Matthew Shirts resolveu apostar alto e criou uma revista que falava exclusivamente da Nintendo, eis que em Julho de 1992 chegava as bancas a GamePower.
A GamePower seguia o mesmo projeto gráfico da SuperGame, uma vez que era apenas uma versão Nintendo da revista irmã. Porém, mais uma vez a genialidade de Shirts falou mais alto, devido ao contrato com a Tec Toy, o personagem Chefe não poderia aparecer na revista da empresa rival, então ele resolveu criar novos personagens para falar com o público, eram os críticos da GamePower: Baby Betinho, Lord Mathias, Marcelo Kamikaze e Marjorie Bros.
Cada um deles era especialista em um determinado gênero de jogo, assim, Baby Betinho: detonava os games de luta que atravessavam seu auge com o lançamento de Street Fighter II para o Super Nes; Lord Mathias: os jogos de esporte, ação e corridas; Marcelo Kamikaze: os RPG japoneses ainda engatinhando em popularidade aqui no Brasil e jogos de estratégia e finalmente a Marjorie Bros: a amante dos jogos fofinhos e de aventura como ela mesma fazia referência em suas palavras na revista.
Apesar de hoje em dia esse recurso parecer infantil, na época era o charme da revista e todos os leitores durante muitos anos acreditaram que esses críticos realmente existiam. Por causa disso, outras revistas também passaram a criar personagens, mas sem o mesmo charme.
Assim como sua revista irmã, a GamePower trazia detalhes minuciosos de lançamentos e notícias sobre o Super Nintendo, o Nintendinho e o Game Boy e seus lançamentos no exterior.
A GamePower ainda se beneficiou, pois foi lançada durante a explosão do clássico Street Figther II, chegando a lançar diversas edições especiais falando sobre o jogo.
As duas revistas estavam vendendo absurdamente bem, em alguns meses chegavam a passar a Ação Games em números de vendas, era chegada a hora de unir as duas revistas em uma só.
SUPER GAMEPOWER: A MAIOR REVISTA DE GAMES:
No começo de 1994, as vendas da SuperGame e da GamePower estavam acima da expectativa, porém o custo de produção era dobrado. Aproveitando o fim do contrato de exclusividade com a Tec Toy, a Nova Cultural resolveu juntar as duas revistas em uma única, abordando tanto a SEGA quanto a Nintendo, além de outras empresas como a Neo Geo e o 3DO. Eis que em Abril de 1994, chegava as bancas a primeira edição de Super GamePower.
Essa união das duas revistas chacoalhou o mercado editorial de revistas de videogames no Brasil, até então liderado pela Ação Games, pois juntava o que havia de melhor nas duas antigas publicações.
Agora com um foco mais amplo e sem preferência por plataformas, a revista logo alcançou a liderança das vendas, passando a Ação Games. Um dos charmes da Super GamePower é que ela era a revista com o maior número de páginas do mercado: 84 páginas, mas também era a mais cara de todas.
A Super GamePower também falava sobre quadrinhos, cinema, RPGs e desenhos animados, se diferenciando das demais publicações.
A revista também passou a explorar cada vez mais a musa Marjorie Bros, com desenhos cada vez mais sensuais da personagem, chegando a dar de brinde calendários com ela de biquíni.
Uma curiosidade que poucos fãs sabem e que foi revelado em uma entrevista é que Matthew Shirts ficou como editor da Super GamePower apenas até a edição número: 4, isso mesmo que você leu, na época Matthew foi convidado para cobrir a Copa do Mundo dos Estados Unidos, seria a realização do sonho do jornalista norte americano cobrir um dos maiores eventos esportivos do mundo no seu país de origem, porém ele teria que deixar o comando da revista por alguns meses, a Nova Cultural não concordou com a proposta e acabou dispensando Matthew da revista. A partir da 5ª edição, outra pessoa assumiu a personalidade do Chefe.
A Super GamePower atravessou gerações de consoles: 16 bits, 32 bits, 64 bits, 128 bits, chegando até a geração Playstation 3 e X-Box 360. No ano de 2009, a Super GamePower lançou sua última revista com a edição 133 sem o mesmo charme e personagens do começo da revista, chegando ao fim como a mais longeva das revistas de games dos anos 90.
Como falei nas postagens sobre a Ação Games e a Videogame irei falar sobre minha relação com as revistas SuperGame, GamePower e Super GamePower.
O meu primeiro contato foi com a SuperGame número: 6, depois disso ela passou a ser uma das minhas revistas favoritas, atrás apenas da Videogame, principalmente por eu ter sido dono de consoles da SEGA quando adolescente. No ano de 1992, quando morei em Natal, no Rio Grande do Norte, cheguei a ser sócio do Clube do Chefe e fui assinante da revista por 4 meses.
Também tive algumas edições da GamePower, incluindo a edição número 1, mas como eu era mais fã da SEGA, acabei pegando poucas edições, mesmo assim me divertia muito com os pilotos da revista.
Já com Super GamePower, o buraco foi mais embaixo, infelizmente devido ao alto preço da revista acabei comprando apenas 2 edições, preferindo focar na Ação Games.
Bem, é isso ai pessoal dessa maneira encerro as postagens sobre as principais revistas de videogame do Brasil. Espero que tenham gostado de conhecer um pouco da história da Super Gamepower, com seus personagens fictícios, mas que pareciam reais para muitos leitores, em breve tentarei trazer mais uma postagem em Novembro. Até a próxima
Excelente post, Beagle.
ResponderExcluirConhecia revista uns 2 anos atrás e confesso que achei legal o fato de eles colocarem resenhas pequenas de jogos por página e dois detonados de jogos distintos em uma única revista.
É muito conteúdo para uma publicação só. Gostei da proposta da revista
Qual o nome do autor dos textos? Queria citá-lo em um artigo, mas só encontro "Beagle".
ResponderExcluirOlá boa noite me chamo Luiz Paulo Mendes Junior, sou o autor do texto
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