Olá a todos que acompanham o blog, sejam bem vindos a mais
uma postagem do Canil do Beagle. Hoje irei falar de um clássico dos quadrinhos de terror brasileiro,
uma revista que marcou aqueles que leram e acompanharam a saga de Tommy De Roy,
o Jovem Lobisomem que estrelava as páginas de Histórias Reais de Lobisomem.
um clássico do terror nacional
UM COMEÇO COMPLICADO:
No ano de 1986, a editora Bloch havia cancelado sua antiga
revista de terror Capitão Mistério Apresenta: Drácula, porém no mesmo ano ela
lançou uma nova revista em formato magazine chamada: Histórias Reais de Drácula. A nova revista continuava com as histórias do conde vampiro ilustradas por:
Antonino Homobono Balieiro e Zenival. O conde vampiro estrelou a capa e o título das edições: 1, 3 e 4, já
nos números: 2 e 5 a revista inexplicavelmente saiu com o nome de Histórias
Reais de Lobisomem e trazia as desventuras de Tommy De Roy, um milionário que
se transformava em lobisomem.
o novo personagem
A troca de títulos da revista confundiu muitos leitores e a Bloch resolveu tomar uma atitude e modificar o título.
confusão de títulos
O novo personagem
agradou o público e a editora resolveu acabar com a confusão e dar a ele uma
revista própria, assim a partir da edição número: 6, a série adotou o
formatinho e se dividiu em duas coleções: Histórias Reais de Drácula continuou
a numeração, indo do número: 6 até o 25; E Histórias Reais de Lobisomem que teve
sua numeração reiniciada do número 1 e seguiu até a edição: 18.
FINALMENTE UMA
REVISTA PRÓPRIA:
Depois dessa confusão inicial, finalmente Tommy ganhou sua
própria revista e os leitores passaram a acompanhar a busca dele por sua
cura.
a nova revista mensal
Criado possivelmente pelo desenhista Moeses, Tommy não tinha uma origem
definida, em sua primeira aparição, ele apenas diz que havia sido
amaldiçoado pelo Conde Drácula três anos atrás.
um lobisomem criado por um vampiro?
Não sei se havia planos para o
encontro dos dois personagens, porém esse fato foi abandonado com a nova
revista.
MUITOS LOBISOMENS E A BRIGA PELO PROTAGONISMO:
Pode-se dizer que a vida de Tommy De Roy não foi fácil,
mesmo com título próprio, ele precisou brigar pelo protagonismo da revista. Outra estrela da publicação era o personagem chamado apenas de O Lobisomem,
criado por Toninho Lima, esse licantropo era Julio Garcia Jr., filho de um
delegado de policia do interior de São Paulo, que foi amaldiçoado a se transformar
em lobo.
o outro lobisomem de toninho lima
O jovem era ajudado por dois punks: Andrea e Aldo, enquanto
tentava fugir do próprio pai que caçava o monstro sem saber que ele era seu
filho.
os jovens punks
Com tramas e desenhos superiores ao Jovem Lobisomem, O
Lobisomem de Toninho Lima ganhava cada vez mais espaço na revista, chegando ao
ponto de Tommy nem aparecer em alguns números. Porém, inexplicavelmente o
personagem de Toninho teve sua última história publicada na edição de número 9
e depois sumiu da revista.
ASSUMINDO O PROTAGONISMO E TENDO UM VISUAL MELHOR:
O maior problema do Jovem Lobisomem era que seu visual era
muito fraco, apenas na edição 10 é que a criatura passou a ter uma forma mais
interessante.
o novo visual do jovem lobisomem
Além disso, as histórias melhoraram bastante, com Tommy
percorrendo o Caribe para encontrar a cura de sua maldição.
A REVOLUÇÃO DO
PERSONAGEM:
A partir de Histórias Reais de Lobisomem número: 12, a
revista sofreu uma mudança com a chegada do desenhista e roteirista Alan Alex. Tommy passou a ter um rosto mais
bem definido, assim como a criatura teve seu visual reformulado.
o novíssimo visual dos personagens
As tramas
passaram a dar um enfoque maior ao sobrenatural, com Tommy viajando pelo mundo todo em busca da
cura para sua maldição, a cada edição ele enfrentava uma criatura diferente
como: um homem-leão, um minotauro, um soldado demoníaco, espíritos de samurais e
feiticeiros.
enfrentando novos monstros
Tommy era ajudado
por belas mulheres como as seguranças:
Ken Yamashita e Tamiko, além das jovens: Lady McGuire, Norma Dee e Carolyn
Lawson.
belas mulheres
Entre as edições 12 e 17, Alan Alex foi criando uma trama
profunda que atinge seu ápice na 17ª edição, com a história Ritual de Sangue,
onde é revelado que a maldição de Tommy vinha do passado de sua família, desde
o período medieval devido a um ritual de magia negra e entrava em cena um
feiticeiro misterioso.
maldição familiar
Infelizmente, a trama
de Alex jamais foi concluída, a edição: 18 teve uma história completamente
fora do arco, feita por Seabra, era uma história bem fraca. Depois disso a
revista foi cancelada.
a última aparição do jovem lobisomem
Bem é isso ai
pessoal, espero que tenham gostado de relembrar ou conhecer essa revista e seus
personagens que marcaram aqueles que leram. A próxima postagem é a 250ª postagem
do Canil do Beagle e nada mais justo do que ser um tema natalino que vai mexer
com as lembranças de muitos leitores. Até breve.
Boa tarde, meu nobre. Sou Allan Alex, desenhista e roteirista de HQ há algumas décadas. Obrigado por lembrar minha passagem pela "Histórias Reais do Lobisomem". Foi uma experiência de extrema importância em minha formação como quadrinista. As últimas fases da HRL foram comandadas pelo editor, roteirista e desenhista Edmundo Rodrigues. Com ele aprendi muito de técnica, conceitos profissionais e de equipe. Minha saída do quadro de colaboradores da Bloch é uma história um pouco mais longa, e por isso deixo pra falar sobre numa outra oportunidade. Mas o final das revistas da casa está diretamente ligada à política financeira da época, quando Collor começou a fazer malabarismos com a economia do país. Pra vc ter ideia da situação a q chegou a coisa, o Edmundo Rodrigues chegou a participar ao menos de uma das manifestações de protesto dos funcionários da Manchete, após meses de salários atrasados. E pra quem conheceu o Edmundo, eles participar de manifestações desse tipo era algo impensável, por "n" motivos. Em relação a releitura do Tom D'Roy, essa releitura é completamente livre, pois até o personagem principal é outro. Apesar de citações ao personagem(citações somente a elementos q criei em meu período à frente da revista), a a narrativa seguir muitos dos parâmetros da edição da época, os elementos da narrativa são outros. Mas essa releitura livre é feita apenas entre um e outro trabalho encomendado, pois ha muito tempo vivo exclusivamente de desenho, hora fazendo HQs, hora fazendo Story Board, Hora fazendo ilustrações pra editoras e agências de propaganda. Mais uma vez agradeço sempre de minha participação na revista, por onde passou tanta gente boa, ícones dos quadrinhos nacionais. Grande abraço.
ResponderExcluirEncontrei esse blog recentemente. Cresci lendo a revista. A arte que me mais me chamou a atenção foi justamente a do Alan Alex. Certamente me inspirou a acompanhar filmes de terror e a desenhar também. Como faço para acompanhar seus outros trabalhos?
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